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Cientistas irlandeses propõem substituir o termo “obesidade” por “desregulação crônica do apetite”

Manifesto busca eliminar estigma e refletir sobre as causas e consequências da condição

Cientistas das universidades College Cork e Galway, na Irlanda, lançaram um manifesto propondo a substituição do termo “obesidade” por “desregulação crônica do apetite”. O objetivo é eliminar o estigma associado à doença e promover uma reflexão mais abrangente sobre suas causas e consequências.

De acordo com os especialistas, o termo “obesidade” vai além da simples definição de “ser muito gordo”. Os pesquisadores identificaram genes que podem aumentar o risco dessa condição. Eles argumentam que “mutações” nesses genes podem levar a alterações nas áreas do cérebro responsáveis pela regulação do apetite, resultando em excesso de alimentação e ganho de peso.

Margaret Steele, professora e pesquisadora da Escola de Saúde Pública da University College Cork, é uma das defensoras do novo nome. Ela destaca a importância de separar as questões de saúde pública e os aspectos médicos da obesidade, além de reconhecer que estamos lidando com duas questões distintas.

Os médicos envolvidos no manifesto argumentam que “medicalizar a obesidade”, classificando-a como uma doença, em vez de uma consequência do comportamento, pode ter efeitos contraproducentes. Essa abordagem poderia transformar comportamentos e escolhas em uma doença, desconsiderando fatores como estilo de vida, fatores ambientais e sociais que também desempenham um papel importante na condição.

A obesidade é um desafio global de saúde pública, afetando metade da população mundial. No Brasil, em 2021, mais de 57% das pessoas apresentavam sobrepeso, de acordo com o índice de massa corporal (IMC). Essa proporção supera as perspectivas globais até 2035, demonstrando a urgência de ações e discussões aprofundadas sobre o tema.

Com essa proposta de substituição do termo, os cientistas esperam promover uma nova perspectiva sobre a desregulação crônica do apetite, abordando não apenas aspectos médicos, mas também sociais, comportamentais e genéticos envolvidos nessa condição complexa.