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Disputa para governo da Bahia tem novas gerações de clãs familiares tradicionais. Fenômenos se repete em outros estados

Linha de campanha deve incluir realizações de antepassados, luz própria atual e contra-ataque a acusações de clientelismo. ACM Neto e João Roma são exemplos

Disputa por governos estaduais terá nova geração de clãs familiares
Disputa por governos estaduais terá nova geração de clãs familiares

Na Bahia, a ascendência familiar do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) tornou-se um dos centros do debate eleitoral.

Ele iniciou a pré-campanha rememorando o jingle o histórico do avô Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), que foi governador da Bahia por três mandatos, dois deles por eleição indireta.

Em entrevista à rádio Portal do Oeste FM, o governador Rui Costa (PT) chamou ACM Neto de “filhinho de papai” que “nasceu em berço de ouro”. O ex-prefeito disse que o petista agiu de forma preconceituosa.

João Roma é neto do ex-deputado pernambucano João Roma João Roma (1912-1991), que esteve no congresso de 1966 a 1971.

Também vem de família tradicional o pré-candidato a governador e deputado federal João Roma Neto (PL). Radicado há cerca de 20 anos na Bahia, ele é neto de João Roma (1912-1991), deputado federal por Pernambuco de 1966 a 1971.

Na Paraíba, o pré-candidato tucano Pedro Cunha Lima também faz parte da terceira geração de políticos da família. Ele afirma que as trajetórias do pai e do avô o inspiram, mas que não pretende ficar preso ao passado.

“Tenho orgulho do meu sobrenome, mas não sou apenas um nome. Sou alguém que carrega uma bagagem, uma visão de mundo e busco estar sintonizado com a minha geração. Os tempos são outros e os desafios são novos”, afirma Cunha Lima.

Ele disse que os sobrenomes têm menos influência nas eleições, mas ainda têm seu peso: “É claro que traz uma força política, não posso negar isso. A intenção de voto que tenho não vem só da minha história, existe um reconhecimento do trabalho dos que vieram antes de mim”.

Na disputa pelo governo, ele terá como adversário outro membro de família tradicional: o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), neto do ex-governador Pedro Gondim, além de irmão de ex-senador e filho de senadora.

Partido que historicamente teve menor abertura para clãs familiares, o PT terá dois filhos de ex-deputados concorrendo a governos estaduais neste ano.

O pré-candidato a governador do Piauí é o empresário Rafael Fonteles, ex-secretário da gestão Wellington Dias (PT) e filho do ex-deputado federal Nazareno Fonteles.

No Rio Grande do Sul, o pré-candidato petista ao governo, Edegar Pretto, é filho de Adão Pretto, deputado estadual por seis mandatos. O petista, no entanto, entrou na política somente após a morte do pai em 2009, vítima de uma pancreatite.

Fora do Nordeste, dois governadores que descendem de outros ex-governadores de seus estados concorrem à reeleição: Helder Barbalho (MDB) e Gladson Cameli (PP).

Derson Maia, cientista político pela UnB, destaca que o sistema político tende a manter o seu formato, mas que pode sofrer fissuras a partir da eleição de pessoas de fora das famílias tradicionais.

“Quando pessoas oriundas de outra classe econômica, aspecto social ou racial são eleitas, isso gera fissuras, ainda que pequenas, no sistema e faz com que a ordem de prioridades na agenda pública mude”, diz.

Conteúdo Folha de São Paulo