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Pequenas operadoras oferecem banda larga a partir de R$ 30

Provedores de pequeno porte são responsáveis por quase 50% do acesso à internet no Brasil

Quase a metade (47%) do acesso à internet no Brasil é fornecido por provedores de pequeno porte (PPP). Segundo os especialistas, eles são hoje os responsáveis pela inclusão digital no país.

Cerca de dez mil pequenas operadoras fornecem atualmente banda larga para 41 milhões de assinantes em todo o território nacional. Somente na Bahia são 4.123 PPPs atuando no setor.

Muitas vezes oferecendo navegação mais rápida (500 GB), preços mais em conta (a partir de  R$ 30), e soluções para empresas, PPPs costumam conectar lugares os quais as grandes telecoms pouco têm interesse.

 Em tese, locais de baixa renda, como os bairros mais afastados dos centros urbanos (periféricos), o interior do estado, a zona rural. 

Idealizador da empresa provedora de internet Flash Conexão, Antônio Jorge da Silva posa para foto – Foto: Rafaela Araújo/ Ag. A Tarde

Antes dominados por cinco grandes companhias, como Vivo, Tim, Claro, Oi, e Sky, os dados revelam um setor pulverizado,  com os pequenos negócios se consolidando. Os números são da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e da Associação de Provedores de Internet do Brasil (Apieb).

De acordo com o consultor e ex-presidente da Apieb no estado, Ulisses Costa, o principal desafio ainda consiste no “uso dos postes” – de propriedade das concessionária de energia elétrica e por onde passa o cabeamento –, e as políticas de preços praticados no “aluguel”.

Sócio na empresa de consultoria Wanax Telecouminicações, Costa explica que a Neoenergia Coelba cobra valores diferenciados de acordo com o tamanho da telefônica. Entre R$ 1,60 e R$ 2,69 por poste para as maiores, e R$ 11,53 para os pequenos provedores. 

A bandeira dos empreendedores associados à Apieb, segundo ele, é fixar uma cobrança comum a todos, na casa  de R$ 3. Aqui na Bahia a questão foi judicializada. 

As concessionárias são obrigadas a compartilhar as estruturas (dos postes). Para operar, o PPP não precisa de outorga da Anatel, apenas a comunicação dos serviços. Todos reconhecem a atuação de “clandestinos”. 

“Donos de provedores precisam saber que existe esse pleito, mas também que há limite para o uso dos postes. Portanto, quem tiver de se regularizar a hora é essa, quem deixar para depois pode não achar mais espaço. A janela pode ser fechada”, afirma Costa.

Gerente de Universalização e Amplicação do Acesso na Anatel, Eduardo Jacomassi destaca que um grupo de trabalho discute o preço do aluguel de poste, e outro comitê os PPPs. Ainda segundo ele, “existe um movimento de consolidação das empresas de pequeno porte”.

“Muitas estão crescendo, incorporando outras, atendendo com equipamentos de melhor qualidade. Às vezes, a estrutura de determinado lugar é antiga, e entram com fibra óptica, oferecendo internet com até 500 gigabytes de velocidade, que poucas grandes conseguem atender”, conta. Na página da Anatel na internet há a relação de todas as empresas autorizadas.

Técnico em processamento de dados, Heron de Almeida inaugurou em 2014 a AN Telecon, com o objetivo  principal de prestar serviço a outras empresas. Ele explica que um deles é a conexão em rede ligando matriz a escritórios filiais, por exemplo. Também telefonia fixa, e até tevê por assinatura, caso de pessoa física.

Com cerca de mil clientes, entre loja de shopping, clínica médica, restaurante, academia, segundo Almeida, os pontos fortes dos pequenos provedores são o atendimento “mais próximo”, o “custo-benefício”, e a “internet mais estável”.

“Os pequenos provedores oferecem rede mais estável, protegida, permitindo que as empresas trabalhem com segurança, sem interrupção. Sem falar no custo-benefício mais baixo, o atendimento personalizado, onde se pode criar relacionamento com os clientes”, fala.

Inclusão digital

Um dos clientes da AN Telecom é a Clivale, rede de clínicas médicas com 80 anos de mercado e seis unidades em Salvador. O gerente de TI, Wu Wai Kong, conta que precisava de um “link mais rápido” para rodar o sistema de agendamento e marcação de consultas, entre outros,  quando a AN ofereceu a melhor solução.

“As empresas grandes  possuíam propostas muito engessadas, com produtos de prateleira, que não atendiam a nossa necessidade, a conexão caía muito. Hoje, a latência (velocidade na transmissão de dados) é de dois milisegundos. E quando precisamos de atendimento falamos com o dono, não preciso aguardar prazo de protocolo”, diz Kong.

“Essas empresas são grandes responsáveis pela inclusão digital em praças e bairros onde as grandes do setor não chegam, muitas vezes com internet a R$ 30, R$ 40, contra R$ 100 (das maiores operadoras). Na pandemia, com o ensino à distância, o trabalho em home office, a importância (dos PPPs) cresceu bastante”, afirma.

Antônio Jorge da Silva é idealizador da Flash Conexão. Criado em 2016, e com sede na Engomadeira, o provedor atende hoje 1,3 mil famílias no bairro. Aos poucos, o serviço vai sendo levado a outros endereços da capital, como São Gonçalo, e Vila Dois Irmãos, diz Silva.      

“O pequeno provedor é a empresa que consegue fazer com que a periferia e as comunidades com pouca renda tenham acesso ao restante mundo, inclusive à educação remota”, destaca.  

A assessoria de imprensa da Anatel informou que, sobre o preço do aluguel de postes, “avanço importante trazido na proposta em debate é a previsão de definição dos preços dos pontos de fixação por meio de ato, dispondo-se na regulamentação que tais valores deverão ser orientados aos custos decorrentes do compartilhamento dos postes”.

“Até a definição dos preços, prevista para ocorrer na ocasião da Revisão Tarifária Periódica estabelecida para cada distribuidora, previu-se a adoção do preço de referência nos processos de resolução de conflitos, fixado em R$ 4,77, referenciado a outubro de 2021, a ser atualizado pelo IPCA”.

A Neoenergia Coelba esclarece em nota que “segue as determinações do Regulamento Conjunto entre os setores de energia elétrica, telecomunicações e petróleo para o compartilhamento das suas estruturas. A distribuidora reforça que as negociações seguem os preceitos da ampla, livre e justa competição, de modo que os preços estão de acordo o serviço demandado, levando em consideração o custo do compartilhamento. A Neoenergia Coelba se coloca à disposição.

Créditos – Jornal A Tarde