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No Vermelho; 334 mil famílias em Salvador estão com contas em atraso

Em maio, a inadimplência em Salvador subiu pela quarta vez consecutiva e atingiu 35,8% das famílias, maior percentual desde 2013. Em números absolutos, são 334 mil famílias na capital baiana com dívidas em atraso, aumento de 118 mil em um ano. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Fecomércio-BA.

“Diante do quadro de inflação alta, as famílias buscaram o crédito para manter a capacidade de consumo. No entanto, o desemprego continua elevado, tendo a Bahia a maior taxa de desempregados do Brasil, e o crédito ficou mais caro pelo aumento de juros. Desta forma, ficou complicado para quitar os compromissos feitos e já era esperado pela Fecomércio-BA a piora no número de inadimplentes”, destaca o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.

Outro dado que mostra a dificuldade de equilibrar as contas é a taxa de famílias que já dizem não ter condições de quitar o débito em atraso, de 12,5% em maio, o maior nível desde outubro de 2020.

O endividamento, por sua vez, ficou tecnicamente estável, em 66,7% ante 66,8% de abril. Atualmente, são 622,5 mil famílias que possuem algum tipo de dívida, 60 mil a mais em relação ao mesmo período do ano passado.

Em relação as modalidades, o endividamento no cartão de crédito lideram com 87,3% em maio, seguido, bem mais embaixo, pelo crédito consignado com 7,6%. Esse é o maior percentual desde janeiro de 2017.

“Esse tipo de crédito é muito válido, pois a taxa de juros é mais baixa por ser vinculada ao rendimento do trabalhador. Até como dia, vale a pena trocar uma dívida no cartão de crédito ou no cheque especial pelo consignado”, pontua Dietze.

Outro dado da pesquisa que liga o alerta é que o percentual de famílias que possuem dívidas comprometidas com mais de 50% da sua renda, passou de 26,4% em maio do ano passado para 34,3% neste ano. Isso mostra claramente a necessidade de crédito para manter o consumo.

Na análise por faixa de renda, há uma disparidade na inadimplência. “Enquanto a taxa de famílias com contas em atraso é de 38,3% para as famílias de renda até 10 salários-mínimos, o percentual para os que ganha mais foi de 14,7% em maio. E por mais que a taxa para esse segundo grupo seja mais do que a metade, o percentual é o maior desde 2013, ou seja, também sendo impactada pelo quadro econômico desfavorável”, cita o economista.

O dado da PEIC de maio indica que o número de endividados não deve avançar mais. Pelo contrário, deve ter a tendência de queda. No entanto, dos que estão endividados, está aumentando o percentual dos que não conseguem pagar o compromisso e a explicação é clara: inflação, desemprego e crédito caro.

“A expectativa é que os próximos dados possam vir com melhoras. Isso porque houve dois movimentos importantes em relação à renda: liberação de parte do FGTS, até mil reais, e a antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas. Muitos desses consumidores devem utilizar os recursos para quitar contas em atraso para depois ir ao consumo”, informa o consultor econômico da Federação.

Tribuna da Bahia